segunda-feira, 21 de abril de 2008

Two dancers in the dark

Na semana passada fiz dois novos amigos (e nem de propósito, vi o Dancer in the dark este domingo).

Ele chama-se Antero (nada de Sr. Antero, porque o Sr. está no céu, como sempre diz) e ela chama-se Maria Odete. Têm 81 e 74 anos e são casados há 49. Eram os dois telefonistas e conheceram-se por telefone. Adoram-se um ao outro e têm gestos tão simples de carinho, que nos fazem levantar os cantinhos da boca.

Antero e Odete passaram a vida inteira de olhos fechados. Lá em casa, as luzes só se acendem quando recebem visitas e têm sempre esse cuidado. Antes de Antero abrir a porta às visitas, ouve-se Maria Odete perguntar "Já acendeste a luz?" e só depois se ouve a fechadura rodar. É sempre Antero que abre a porta a quem chega. É um autêntico cavalheiro. Odete fala muito e Antero não diz nada. Ela gosta de falar de si, de contar as histórias do passado. Ele parece desligado e ausente, mas se lhe dirigimos a palavra directamente responde sempre com uma piada e um sorriso bem disposto. Foi Antero que ensinou a expressão que não nos (a mim e à Paulinha, as duas fascinadas) saiu da boca a semana passada. Sempre que, em tom de brincadeira, nos metemos com ele, a resposta é pronta: "Malvadas! A fazer pouco da miséria...sem coração do lado direito!" Ele é o primeiro a rir e a gargalhada é geral.

Antero e Odete são um casal de artistas! Ela representa e declama poesia como só uma verdadeira actriz é capaz. Ele tocava violino, mas há quarenta anos que o guardou na caixa, para nunca mais tirar. Lêem muitos livros e revistas e vão frequentemente ao teatro.
Odete diz que há quatro coisas que mais gosta de fazer na vida: ajudar os outros, dançar com quem saiba (sente-se de novo criança ao ser guiada numa dança), comer chocolates e declamar poesia. Antero diz que o que mais gosta de fazer é ajudar a mulher.
Antero diz que se sente mais feliz num dia de sol e aproveitamos para passear no jardim. "Estamos a passar pelo quisoque...cheira a jornais!", diz ele. Conhecem a zona onde vivem como as palmas das suas mãos.

Antero e Odete nunca viram com os olhos, mas sabem como são lindos os cabelos loiros, ou olhos verdes num cabelo negro e como são belas as cores de um pôr-do-sol. Sabem de cor cada fotografia guardada nos álbuns de recordações.
Antero e Odete viveram a vida inteira na escuridão, mas têm uma aura de luz à sua volta que contagia todos os que os rodeiam. São as pessoas mais fascinantes que conheci ultimamente.

E quando fechei a porta na sexta-feira passada, Antero apagou a luz dentro de casa e ajudou Odete a arrumar os álbuns de fotografias no armário.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Dinheiro que se perde nas malhas da internet

Acabei de fazer o meu primeiro pagamento à segurança social. E como dói ver a conta ficar drasticamente mais pequena, sem vermos para onde vai o dinheiro...

E vai ser assim todos os meses, a partir de agora.
Este país não é justo!

A euforia, o fim e os meus anjos da guarda

Sábado foi eufórico. O princípio do fim ficou esquecido; não esquecido, mas guardado no fundo da alma, para não arranhar muito. Houve fritos e música alta. Houve um inacreditável David Fonseca, a provar mais uma vez porque é diferente, em Portugal. E uma linda Rita Redshoes a acompanhar.

Domingo foi o fim. Depois de horas de angústia, o fim. Escrever fim é como escrever morte. Custa. É como cortarmo-nos em papel. É agudo, quase não se vê, mas sangra muito e nunca se adivinha quando vai parar. Não consigo dizer mais sobre isto. Deixo as palavras dos Doors.

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end

Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
Ill never look into your eyes...again

Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need...of some...strangers hand
In a...desperate land

Lost in a roman...wilderness of pain
And all the children are insane
All the children are insane
Waiting for the summer rain, yeah

It hurts to set you free
But youll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die

This is the end


Mas eu sou uma pessoa especial. Sou escolhida por Deus. Tenho muitos anjos da guarda.

Quem mais viria em 20 minutos, só com um telefonema de poucos segundos, limpar-me as lágrimas? Vocês são os melhores amigos do mundo.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Dúvidas de uma dona de casa


Como é que eu hei-de saber qual é o par de qual?!

Isto de estar mais tempo em casa traz todo um novo mundo de questões à minha vida.