sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Gema estava na Stradivarius a ver casacos de pele a 19,90€ e ouviu assim:

"Acho que vou começar a engatar gajas nas bibliotecas. Assim tenho mais chances de encontrar alguém interessante".

Era um rapaz que não teria mais de 18 anos, com um tom de voz descontraído, mas sério. Eles andam a ficar espertos cada vez mais novos. Apesar de ser a coisa mais fofa ouvida nos últimos tempos, é também ligeiramente assustadora.

E nós, minha amiga, temos de começar a ir socializar para congressos médicos. Lá é que estão os homens ricos interessantes, que nos podem dar muito dinheiro amor e um futuro cheio de viagens e sapatos sorrisos e carinho.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

clap clap clap, carga de trabalhos

Não resisto a pôr aqui a comunicação que fez o www.cargadetrabalhos.net.

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estágios no carga de trabalhos

Após bastante consideração, o Carga de Trabalhos decidiu mudar a sua política de publicação de anúncios, passando a rejeitar todos os anúncios nos quais figurem propostas que, segundo o Código do Trabalho em vigor, possam ser consideradas ilegais ou suspeitas.

Ainda que acreditemos na liberdade e responsabilidade individual dos cidadãos e na boa conduta e responsabilidade social das empresas e empresários portugueses, ao longo dos últimos tempos temos detectado um número crescente de ofertas que indiciam algum desconhecimento do direito do trabalho ou das normas do Instituto de Emprego e Formação Profissional e que têm valido ao Carga de Trabalhos várias reclamações e até alguma desconfiança, que coloca em causa o nosso trabalho em prol dos profissionais da área da comunicação.

Assim, lembramos que à luz do Código do Trabalho e de acordo com a opinião de vários especialistas na matéria, entre os quais o Dr. Garcia Pereira, os chamados estágios não-remunerados ou estágios com "ajudas de custo" são claramente ilegais, por constituírem, segundo a legislação, um verdadeiro e próprio Contrato de Trabalho.

Legalmente, todas as relações laborais nas quais exista local e horário de trabalho e em que o trabalhador reporte directamente a uma hierarquia/chefia são automaticamente consideradas contratos de trabalho e são dessa forma obrigados a cumprir vários requisitos legais, como a remuneração no valor igual ou superior ao Salário Mínimo Nacional em vigor, pagamento de Segurança Social e Imposto sobre o Rendimento Singular relativo ao trabalhador, além de 13º e 14º mês (subsídio de férias e de Natal). Lembramos também que para existir um Contrato de Trabalho Sem Termo (ou seja, efectivo ou permanente), não é obrigatório um documento assinado, sendo que esse existe apenas com acordo verbal das duas partes.

Da mesma forma, uma relação laboral com base nestes pressuposto nunca poderá ser remunerada através de Recibos Verdes, visto que estes se destinam à Prestação de Serviços por profissionais liberais ou trabalhadores por conta própria, que trabalham com autonomia, definem o seu próprio local e horário de trabalho, estando apenas obrigados a cumprir os prazos e condições fixados pela empresa, a qual, neste caso, é legalmente considerada cliente e não entidade empregadora.

Alertamos ainda que os indivíduos que, no âmbito de uma situação de Contrato de Trabalho, sejam remunerados com Recibos Verdes, podem a qualquer momento fazer denúncia da sua situação à Autoridade para as Condições de Trabalho, que poderá proceder à inspecção na empresa denunciada, podendo, além de obrigar ao pagamento de todas as contribuições e subsídios devidos ao trabalhador, autuar a entidade empregadora por incumprimento do Código do Trabalho.

[...]

Recordamos também que os estágios denominados curriculares, não representando legalmente uma relação laboral mas sim uma etapa do processo formativo, só podem ser realizados mediante protocolo assinado entre a entidade empregadora e a entidade formadora, que designe um coordenador de estágio para acompanhar o formando. Qualquer estágio não protocolado não pode ser considerado curricular, constituindo mais uma vez uma situação de Contrato de Trabalho e tendo de respeitar os requisitos acima enunciados.

Por último, esclarecemos que os anúncios de emprego não podem discriminar os candidatos, seja pela idade, sexo, raça ou outros, podendo apenas diferenciar em relação à qualificação e conhecimentos necessários ou desejados ao desempenho da função anunciada.

O Carga de Trabalhos recusará, sem necessidade de qualquer outro esclarecimento, todos os anúncios que não respeitem um ou mais dos pontos atrás referidos, recusando qualquer responsabilidade factual ou moral em relação a eventuais incumprimentos por parte das entidades empregadoras.

Com os melhores cumprimentos,
Carga de Trabalhos

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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Olha que te ponho pimenta na língua, Zé

Quem me conhece sabe que sou queirosiana na mão direita e saramaguiana na mão esquerda. Depois do Eça, José Saramago foi a melhor coisa que aconteceu à literatura portuguesa, perdão, à literatura do último século. Isto não significa que goste muito do senhor Zé (que, a bem dizer, não conheço de parte nenhuma) ou que tudo o que ele diga seja lei. Na verdade, muitas vezes não concordo com o que lhe sai da boca. Mas daí a achar que ele não deve dizer o que pensa vai um grande passo...

Vasco Pulido Valente escreveu isto, como de costume com a sua caneta de ponta bífida.

Bom...

"Não assiste a Saramago a mais remota autoridade para dar a sua opinião sobre a Bíblia"

O Saramago tem tanta autoridade para opinar sobre a Bíblia como o Vasco Pulido Valente sobre o Saramago, o tratamento que lhe deu a comunicação social, as escolhas do júri do prémio Nobel e dos milhares de leitores 'saramaguianos'. Esse é um argumento vazio para mim.


"Claro que Saramago tem 80 e tal anos, coisa que não costuma acompanhar uma cabeça clara"

Este tipo de observações sim é uma autêntica saloiada. E o Vasquinho que se cuide... já está ali a roçar os 70, é bom aproveitar a lucidez que lhe resta, a qual, segundo o seu próprio raciocínio, já se vai esvaindo.


Numa coisa concordo com ele, embora não pelas mesmas razões: não se desculpa que o país, supostamente laico e livre há muitos anos, se escandalize tanto com as opiniões do Saramago. No entanto, o que eu entendo é que o escândalo não vem exactamente da sua opinião (que já ninguém deve saber repetir), mas sim do facto de ele se atrever a criticar a Bíblia, com todo o excesso a que tem direito. Podemos ser maioritariamente cristãos (eu incluo-me no saco), mas isso não nos dá o direito de acharmos que a Bíblia é sagrada para todos. Na verdade, para alguns é só um livro. Quando alguém critica o Corão ou o Cadomblé ou a IURD ou mesmo o Professor Bambo, intocáveis para tantos, não é esta escandaleira toda... Isso é, para mim, o mais perigoso e um sinal de que ainda há muita estrada para andar. Se sentirem estranhos calafrios pela espinha acima, suspeitem: o fantasma de Natais passados paira por aí.

domingo, 25 de outubro de 2009

Voltámos


Podia escrever um post intitulado "As melhores férias da minha vida" ou "Viagem espiritual" ou "O Ovo dentro de um Coco-Taxi" ou "Como Cuba fez de nós pessoas diferentes" ou "Encontrar almas gémeas do outro lado do Atlântico" ou "Carícia com o resultado de uma chapada na cara", mas não vou fazer nada disso.

Se um dia conseguir transmitir por palavras o que aconteceu, morro considerando-me escritora.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Outubro de 2010?

No ano passado, por esta altura, não trovejou assim.

Nos primeiros dias de Outubro do ano passado, tentámos fazer uma coisa. E quase poderia jurar (memória, não me falhes agora, que o que aí vem é importante demais para ser mentira) que houve beijos a sério e abraços a sério e saudades a sério. Brilho no olhar e admiração mútua. Vontade de construir, de andar para a frente. Intenções declaradas, borboletas na barriga. Quase-paixão, por uns dias? Não resultou.

Este ano, nos primeiros dias de Outubro, tentámos fazer uma coisa. Surgiu do nada. Nem palavras bonitas nem borboletas nem olhos brilhantes (mas ainda muita admiração da minha parte, carinho da tua. Saudades?). Emendo: tu tentaste. E ainda não sei se me arrependo de não ter tentado. Não resultou.

No ano passado, por esta altura, não trovejou assim. Trovejou muito mais. Também choveu mais e fez mais sol e sentiu-se mais vento. Num momento ou dois, houve tanto frio que até nevou.

Esta tempestade é menor. Um ou outro trovão, tão espaçados, que não abafavam o silêncio que vem da tua casa. Uma chuvinha pouca. Mal se sente na janela.

Mas, que coisa!, não me deixam cair em sono profundo.

Como serão os primeiros dias de Outubro de 2010?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Lições do dia

1. Não exijas de ti mesma a perfeição. Senão apenas a frustração te espera.

2. Não queiras controlar tudo à tua volta. Controla o teu controlo para que não se torne obsessivo.

3. Quando pensares nas coisas que não tens, põe no outro prato da balança as coisas que tens. Verás que afinal o prato negativo não toca no chão e a tua vida não é assim tão má.

4. As pessoas não pensam todas como tu; não as podes medir por ti. Muitas vezes não correspondem às tuas expectativas. Porque tu agirias de certa maneira, não quer dizer que todos façam igual; porque tu serias incapaz de uma crueldade, não significa que outros não sejam.

5. És bonita. Por fora, por dentro e na cabeça. Despertas e vais despertar interesse em toda a espécie de predadores.

6. As pessoas não são todas boas.

7. Não te entregues com a alma toda: vai devagar, analisa, critica, não ignores os sinais. Abre bem os olhos.

8. Zanga-te.

9. Anda sempre com um preservativo na carteira.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009



Esta já passou por aqui, mas hoje tinha de voltar. Não só porque logo à noite há concerto das meninas na Aula Magna, mas porque o tempo frio parece estar a chegar. E nós sabemos como pode ser complicado viver dias cinzentos. Respiremos fundo e avancemos: havemos de atravessar este Inverno sãs e salvas, mais uma vez.

We both know it's going to be another long winter...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Esplendor



Caía uma chuva fina
Em forma de confissão
E eu, solidão
Sou como a folha de outono
Que sem dono
Navegando chega aqui

Pra lhe dizer que o abandono
Já vai chegando ao fim
E eu, solidão
Só falta agora o teu sorriso
Um aviso
Que a luz do sol está por vir

E se você me vir vagando
Sem razão
Não vá pensar que o desengano
Mora no meu coração
Há muito tempo já se foi
A estação que vem depois
Descortina todo o esplendor