terça-feira, 30 de junho de 2009

Já, Pina Bausch?


Café Müller foi a única coreografia sua que Pina Bausch interpretou.


A dança tem estado doente nestes dias. Pina Bausch tinha 68 anos e morreu hoje de manhã no hospital. A dança dela era "a interpretação da alma".

Mais aqui.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

O rei não morreu




Ficará na música e nos vídeos. Ignore-se o ar inumano, próprio de um lunático. Verdade seja dita, esta dança também não pode ser humana. O meu lado artístico (musical, bailarino, performer) chora. Isto que se vê neste vídeo, este som, estes movimentos, são arte.

Estava com as minhas amigas bailarinas quando soube. Curioso como a vida às vezes parece pensada ao pormenor.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Livre



Lembrava-me sempre de ti quando ouvia esta música. Tu, todo vestido de preto, eu, sempre de branco, mas entendíamos-nos, ou não nos entendíamos mas gostávamos disso, das perguntas e respostas, o desafio de tentarmos perceber-nos. E eu queria ser tua namorada, mas tu não querias ser meu namorado. Convidavas-me para tudo, tomávamos café, bebíamos cerveja, apresentaste-me a tua casa (mesmo perto da minha, que boa descoberta), o teu cão (um cão-de-água preto, lindo), conhecia a voz da tua mãe ao telefone e ela sabia o meu nome. E nunca quiseste ser meu namorado. Já querias proteger-me naquela altura? Fui eu que quis conhecer-te, lembras-te? Naquela escola de barracões de madeira e ambiente leve, leve, todos nós amigos. Gostava do teu ar soturno, do teu andar calmo, de como enrolavas os cigarros, do sorriso irónico que consegui arrancar algumas vezes à tua cara triste.
Eu gostava mais deste álbum, porque era mais melodioso. Tu preferias outro, não me lembro bem qual, o Eternity ou o Silent Enigma, mais pesado. Não sei. Os Anathema (única banda metal de que alguma vez gostei) uniam-nos. Uma vez deste-me uma fotografia (ainda lá está, numa caixa de metal)e escreveste por trás : "para quê viver, se amanhã morrerei?" Eu fiquei zangada, queria era uma dedicatória (para a Marta, gosto de ti, assim qualquer coisa). Mas tu escreveste aquilo, negro como o teu cabelo comprido.
Depois as nossas vidas seguiram rumos diferentes. Eu soube de ti algumas vezes, mota, namorada louca, hospital, psiquiatra. Já não estavas na minha vida, fazias parte apenas da minha memória. Um dia, foi a minha mãe que me ligou,

- Marta, lembras-te daquele rapaz, o D.?

E eu soube logo o que ela me ia dizer. Só precisava de saber como.

- Foi na ponte. Atirou-se.

Assim mesmo: atirou-se. A minha surpresa foi nenhuma. As memórias assomaram todas de repente, a roupa preta, tu no meu sofá, eu a fazer festas ao teu cão, as imperiais, os cafés, os cigarros que fumavas, o fumo teu que eu fumava, os meus 16 anos vestida de branco (sempre de branco e rosa), o pentagrama que queimaste na perna (disseste-me, nunca o vi), os Anathema, aquela música, "i want you to be free of all the pain", e tu agora finalmente livre da dor. Chorei.
Não pude ir ao funeral que te fizeram, depois de finalmente te encontrarem (pensei nos teus pais, na tua irmã, no teu cão). Ainda bem. Tu naquela altura existias ainda vivo na minha memória. Como hoje, na minha memória. Lembro-me de ti vivo sempre, sempre!, que oiço aquela música. E noutras alturas aleatórias, como hoje de manhã.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

É música. É amor perfeito.


Uma mulher nua, estão a ver? Alguns devem mesmo estar a ver, literalmente, (seja real ou toda de plástico, encontrada nesses meandros da internet), outros não têm bem a certeza do que isso é e outros não se lembram. Os homens, claro. As mulheres vêem todos os dias e às vezes não queriam nada.
Mas voltando ao que importa - uma mulher nua. Curvilínea, cintura fina e anca larga, mulher à séria, como as de antigamente. Abandonada, encosta a cabeça no ombro do homem que a segura, a respiração dela no pescoço dele, numa postura de confiança total. O encaixe é delicado mas firme, os dois corpos só podiam pertencer ali, um ao outro. O homem olha-a apenas muito raramente, porque não precisa de mais. Conhece-lhe o jeitinho mimado, sabe que mão posta um milímetro para lá do sítio exacto fá-la reagir agressivamente, desafinada de tão ferida. Mas ele não teme. As pontas dos dedos percorrem um caminho perfeito, sabido de cor, que, no entanto, parece repleto de surpresas, de mudanças súbitas, de novas escolhas.
Ela reage a cada toque, mesmo ao mais subtil. Geme de voz fina e suplicante, respira forte de voz quente e baixa. Ele varia com ela - ora sorri levemente com cara de Primavera, ora franze as sobrancelhas numa expressão dorida; ora a trata com movimentos bruscos de quem quer mostrar controlo, ora a embala numa sintonizada dança a dois que parecem um.
É um homem e o seu violoncelo. E a música que dali sai, tão íntima, quase dá vergonha de ouvir por nos sentirmos intrusos num amor perfeito.


Recebi mais uma carta da Holanda. Desta vez vinham três cds com tesouros lá dentro e um postal. Neste, a bela cidade de Utrecht e a letra verdadeira do lindíssimo Violoncelista Holandês. Em cima "Olá, Marta!" (assim mesmo, em português); no fim "Beijos" (assim mesmo, em português). Discretamente antes da assinatura,

"love life".

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Coisa engraçada

Às vezes uma pessoa dá por si a receber conselhos inteligentes de um sítio totalmente inesperado.




Este blog qualquer dia muda de nome para "O Videoclip dentro do Armário". Embora isto não seja bem um videoclip. Mas enfim, fica uma música catita e imagens de um jovem que é uma riqueza do nosso Portugal para encher o olho às meninas. Mnham Mnham.

PS: Também aparecem umas imagens de gente estranha. Ignorem. Não sei quem fez isto.

domingo, 14 de junho de 2009

No outro dia, o destino chegou-se ao meu ouvido e disse:

"Toma lá um chapadão de todo o tamanho nessa cara bonitinha. Pensaste que era fácil? Que era só sorrir e acreditar em coisas boas e elas aconteciam? Isso querias tu. A vida não é essa facilidade toda. Então a felicidade... custa. Sua lá mais um bocadinho que não te faz mal. Mete o pé no buraco, mais um também não te faz diferença. Tropeça e cai, que uns arranhões até dão cor à tua pele anémica. Agarra-te ao estômago. Já nem sabes o que te fez mal, não é? A bebida, a comida, o soco. Mas que está aí um nó, está. Deixa lá, isso passa. Como passa sempre. Deixa lá e continua a acreditar que qualquer coisa muito boa te vai acontecer brevemente. Pode ser que aconteça mesmo. Agora limpa mas é essa cara, está cheia de terra. Vê se para a próxima olhas para o chão e não cais dessa maneira."

Chega o Chico e diz assim: "não se afobe não..."

domingo, 7 de junho de 2009

Prima, esta vai para ti

"Ni kan tiyen, sewa tiyen. Ni sewa tiyen, kantiyen."
(Provérbio Malinke)

Sem música não há alegria. Sem alegria, não há música.


sábado, 6 de junho de 2009

A tua dor é a minha

Há dias que se passam de lágrimas sempre a querer sair dos olhos, à força, como se o espaço lá dentro fosse demasiado pequeno para aquela água toda. Dias que parecem aqueles sonhos em que gritamos, mas ninguém nos ouve, em que corremos, mas não chegamos a lado nenhum, em que caímos, caímos, caímos sem aterrar. Dias sós. Só de estar numa estrada longa, de um horizonte ao outro, sem ver ninguém, sem distinguir o mínimo movimento, em que o único som é apenas o eco da nossa própria respiração angustiada. Num dia assim, como o de hoje, em que dormir parece ser a única actividade plausível, pensei que este sentimento de sufoco fosse por culpa daquela mensagem sem resposta ou daquele telefonema no vazio ou do desconforto do lar. Mas agora sinto que foi a tua dor que me chegou. Como os irmãos que se sentem à distância. Foi de certeza a tua dor que veio de longe e me chegou assim em forma de nó na garganta, para me avisar que o caminho soalheiro da vida se tinha perdido de si mesmo e embrenhado na floresta escura.

Perdoa-me a futilidade. Se eu soubesse, se eu tivesse percebido que a angústia era tua e não minha, tinha escrito antes assim: beijo com gosto de amor para a minha irmã de alma.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Aquela música

Devia estar num first date, mas não estava. Entregue à televisão, passo na VH1, que transmitia o programa Smells like the 90's. Obviamente, parei. Já contava ouvir músicas da minha infância/adolescência, mas não estava à espera daquela. Aquela que era a nossa favorita - minha e da minha grande amiga Lara. As vezes que ouvimos aquela canção... não as recordo todas, mas lembro-me bem de a escrevermos a caneta verde com cheiro de menta num bloco de papel reciclado (ou pelo menos de folhas de tom acastanhado). Foi antes disto tudo, da vida complicada, no tempo do grunge, dos cabelos compridos e despenteados, do rock n roll vindo da alma, no tempo em que a música era o mais importante, o nosso guia, o nosso espelho, a nossa vida feita acordes de guitarra e poemas em vozes arranhadas. Aqui fica para a Lara, companheira siamesa de crescimento, que, apesar de nem saber que hoje eu teria um date, está instalada com lugar cativo no meu coração para sempre. Era AQUELA música, lembras-te?

terça-feira, 2 de junho de 2009

segunda-feira, 1 de junho de 2009