sábado, 29 de março de 2008

Uma tarde de coração cheio

Saí da Duvideo antes do fim do mês. Arranjei um trabalho novo. Ligaram-me no início da semana a pedir que começasse a trabalhar no dia seguinte. Terça-feira de manhã saí de casa e dez minutos depois estava a entrar pela porta da D&D. Sim, vou a pé para o trabalho. Treze mini-documentários sobre voluntariado para a RTP2 é o desafio do momento. Estou entusiasmada!

Agora que já relatei as novidades que tinham ficado por contar, vamos ao que interessa. Hoje passei a tarde no jardim zoológico. Em trabalho, claro. E houve um momento de plena felicidade! Depois de assistirmos ao espectáculo dos golfinhos, fomos lá atrás fazer umas filmagens mais próximas deles com a tratadora. E foi aí... EU HOJE DEI FESTINHAS A UM GOLFINHO!!! Acho que neste momento devem estar todos a achar que eu sou tolinha com tanto entusiasmo, mas estar perto daqueles seres, olhar para eles de perto, tocar neles... é uma experiência inacreditável! Além de que era um desejo muito antigo. São tão suaves, tão simpáticos, tão ternurentos. Naqueles minutos estive apaixonada!

Factos a registar:
- os golfinhos não cheiram a peixe
- os golfinhos não fazem nada obrigados. Eles estão a divertir-se quando estão ao pé de nós. Quando se fartam, vão à vida deles.
- os golfinhos podem viver mais de 30 anos
- os golfinhos são suaves, têm uma textura que parece plástico muito deslizante.
- os golfinhos têm o poder de nos tornar crianças outra vez

Acho que vou passar muitos bons momentos neste programa!

sexta-feira, 28 de março de 2008

E, num dia de tristeza, o meu coração derreteu

Hoje acordei mal. Cansada. Cada vez mais farta da vida que levo. Rebentou hoje de manhã. Uma imensa tristeza. Até que aquilo que ninguém pensa que acontece, aconteceu: um desconhecido ajudou-me a levantar um pouco os cantos da boca.

Há uns dias achei por bem enviar à Rita Redshoes uma mensagem no My Space com um link para o nosso blog, para ela ter acesso ao post e aos comments que fizemos sobre ela.

E não é que ela derreteu o meu coração?

"Date: Mar 27, 2008 5:54 PM
Subject: RE: A nossa pequena homenagem

Body: Querida Marta,fiquei sem palavras.....tenho pouco para dizer sem ser, adorei e muito obrigada!

vou dormir mais contente
um grande beijinho meu
Rita Redshoes"

quinta-feira, 27 de março de 2008

Tucanas em grande festa!



bilhetes € 10,00

abertura de portas 22h00 . espectáculo 23h30

cabaret maxime - pç. alegria, 58 em lisboa reserva de mesas tel. 213467090 . 967045836 . 916350427 outras informações: deluxe@banana.com.pt . tm 962804368

segunda-feira, 24 de março de 2008

In her shoes



A Rita dos sapatos vermelhos escreveu canções. Tocou nas teclas do piano e nas cordas da guitarra e fez soar muitas músicas. Agarrou num disco vermelho, cheio de sonhos e letras douradas e soprou as canções todas lá para dentro. Quando o disco desta Rita encheu as prateleiras das lojas de música, a outra Rita estava só à espera de uma oportunidade para o agarrar. A segunda Rita guardou-o na mala numa noite de chuva e quando chegou a casa, deu-lhe aquilo que ele merecia: um lugar quentinho na aparelhagem, onde ele girou girou girou, sem nunca mais parar.

Este fim-de-semana, a segunda Rita foi ver a primeira Rita de pertinho. Lá vinha ela de sapatos vermelhos calçados, com as mãos muito abertas e os olhos a sorrir. A voz dela soou forte e determinada enquanto cantava. Igualzinha à voz do cd. No intervalo das músicas olhou para o vestido preto, riu-se e pediu desculpa pelos pelos do casaco, que se tinha esquecido de limpar com o rolo de fita-cola. A Rita encheu a sala e conquistou todos, até aqueles que nunca tinham ouvido falar dela. A Rita já me conquistou a mim. Parabéns! Estávamos à tua espera há muito tempo.

(deixo-vos uma das músicas que não consigo deixar de cantarolar nos últimos dias)

segunda-feira, 17 de março de 2008

A reviravolta

O meu silêncio tem uma razão.
Estes últimos tempos foram uma confusão total na minha vida! Um dia ia assinar o meu primeiro contrato de trabalho e tinha a garantia do ordenado certinho a cair todos os meses na minha conta. As férias de verão e as viagens à Alemanha e a Amesterdão todas planeadas. E no dia seguinte, o desemprego à espreita. É assim a vida de quem trabalha em produtoras de televisão. Pior, é assim a vida de quem trabalha a recibos verdes. Venho-me embora no final do mês com absolutamente NADA! Nem indemnização, nem subsídio de férias, nem subsídio de Natal. Nada! E quem sai comigo traz essas regalias todas. É muito injusto. Mas enfim, esta reviravolta teve o efeito de uma grande chapada na minha cara. Daquelas que parecem gritar "Acorda!!!". Em que é que eu andava a pensar para estar acomodada num sítio onde só me mandam fazer vídeos para o site da vodafone e reportagens sobre electricistas e pessoas que não têm absolutamente nada para dizer?!? Eu sonho mais alto e enquanto não encontrar um sítio onde me sinta mais realizada, não posso simplesmente cruzar os braços e deixar-me levar todos os dias pelo comboio, de lancheira na mão.

Os dias têm sido assim: uma correria entre deixar tudo pronto antes de me vir embora e enviar currículos, responder a anúncios e procurar cunhas! Como eu mudei... Arranjem-me uma boa cunha para um magazine cultural, por favor!!!

Claro que não consigo deixar de pensar que vou ter outro ano sem férias de verão, sem ir ao Andanças e ao Sudoeste. Não consigo deixar de fazer mil planos, de ter mil ideias sobre aquilo que queria que fosse o meu emprego novo. Mas qual emprego novo??? Até agora ainda só fui a uma entrevista e era para um estágio mal remunerado... acho que não consigo voltar a sujeitar-me a essas condições.

Entretanto, tinha tantas coisas para escrever aqui... mas neste momento, não consigo deixar de pensar que faltam duas semanas. E o pior é que eu acredito que amanhã alguém me vai telefonar a oferecer um desafio à maneira. Porque é que eu sou assim? Maldito optimismo que só me traz desilusões.

sexta-feira, 14 de março de 2008

A Manuela

Procurei uma imagem para este post, mas não encontrei nada que fizesse jus ao que vi ontem.

Ontem vi a Manuela em cima de um palco, muito nova, muito magra, de tutu branco e pés com pontas, completamente virados e esticados. A Manuela estava nos olhos e no nariz, de resto estava pouco reconhecível. Eu conto-vos a história da Manuela.

A Manuela é uma artista. Tem uma casa de artista, com piano e muitas salas. A Manuela nunca casou nem nunca teve filhos. Ou melhor, nunca casou com uma pessoa nem teve filhos do seu ventre.

Mas voltemos atrás. A Manuela era pequenina (mais do que é hoje) e, como é natural numa menina pequenina, encantou-se num espectáculo de ballet. Não pelas bailarinas e os seus tutus de princesas, mas por um bailarino. Dançava maravilhosamente.

A Manuela cresceu. Começou a fazer ballet só aos 15 anos. Isso não a impediu de acabar o Conservatório de dança com 19 valores. A Manuela dançou em S. Carlos, solista da Gulbenkian, tem uma fotografia ao lado do Nureyev. Depois, tornou-se professora.

Esta é a história resumida da Manuela. Mas quem é ela? Serei concisa:

A Manuela ia ao futebol com o tio em pequena e hoje tem um lugar cativo no Sporting. Adora futebol e está sempre a dizer que os exercícios de aquecimento do futebol vêm do ballet.

A Manuela é prima direita daquele que já foi apelidado como o maior pianista português de sempre, Sérgio Varella Cid (desaparecido até hoje).

A Manuela chama "minhas queridas" às alunas, diminui os nomes a "inhos" e trata-as todas por você. Como antigamente.

A Manuela é muito pequenina, mas consegue controlar aulas com mais de 20 crianças. Nunca é agressiva.
A Manuela tem uma costela espanhola e adora danças de sevilhanas.

A Manuela é ainda hoje, uma bailarina com um talento demasiado grande para caber naquela sala tão pequena.

A Manuela fez anos ontem, mas não tem idade.

Ontem, a Maria Ana entrou furtivamente na casa da Manuela para "roubar" uma fotografia. Ampliámos e oferecemos juntamente com um ramo lindo de begónias ("as favoritas da minha bisavó!") roxas, a sua cor favorita.

A Manuela é como está naquela fotografia. É uma verdadeira bailarina: ar delicado, mas sempre, sempre de pescoço esticado e queixo erguido.

Não consigo cansar-me do seu nome.

quarta-feira, 12 de março de 2008

50 vezes que aprendi a ler

Aprendi a ler por volta da 3ª classe. Não que não tivesse aprendido as letras e a palavras antes (fui eu que disse "muito" quando a professora perguntou quem conseguia ler aquela palavra que estava escrita no quadro!). Mas aprender a ler, ler a sério, foi na 3ª classe. O livro chamava-se "Uma aventura na cidade". Era o número 1 da colecção e foi o primeiro romance que li.

Entretanto já li muitos livros, embora demasiado poucos. Grandes clássicos, livros mais ou menos light, livros maus, livros muito bons, livros muito estranhos, livros demasiado simples. Mas, para não me esquecer de como se lê, nunca perdi "uma aventura". Acho que a verdadeira razão pela qual continuo a gostar de literatura infanto-juvenil é porque ela não me deixa crescer. É a minha neverland. E não tenho medo nenhum de o dizer.

As gémeas Teresa e Luísa, o Pedro, o Chico e o João têm acompanhado o meu crescimento, como post-its colados ao quadro de cortiça que tenho na cabeça: "não cresças demais! lembra-te do que é mais importante!". E o mais importante é a simplicidade e a amizade, que definem aquelas personagens.

A Ana Maria Magalhães e a Isabel Alçada fazem magia. Contam aventuras de forma muito simples (e isso é tão difícil!) e nunca cederam com as suas personagens. O grupo de miúdos mantem-se igual: sem sexo, sem drogas, sem dizerem asneiras. E voltar à inocência sabe tão bem...

"Uma Aventura em Alto Mar" é o livro número nº 50 e acabou de sair.
50 aventuras desde 1982.
50 vezes que adorei a Ana Maria Magalhães e a Isabel Alçada.
50 vezes que encontrei os melhores amigos da minha "second life" (os livros).
50 vezes que acreditei que a maior inocência pode ser a maior maturidade.
50 vezes que tive a certeza de que as crianças é que sabem.
50 vezes que disse que ia escrever uma colecção assim quando fosse grande.
50 vezes que aprendi a ler.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Quadrado preto sobre fundo branco


Agora não posso usar fones para ouvir música enquanto envio e-mails, porque "é pouco profissional".
E quando chegar finalmente a altura de fazer de jornalista, "não vamos entrevistar ninguém". Temos enciclopédias, o google e a wikipedia.

O meu novo trabalho é definitivamente Malevitch.

quinta-feira, 6 de março de 2008

O borrão

Tive de explicar ao meu chefe (director do jornal) que fazer publireportagem é considerado anti-ético para um jornalista...
Primeiro borrão na pintura.

Bebo chá à janela

Da janela vejo: o rio Tejo em toda a sua imensidão; à esquerda, a ponte 25 de Abril, com o seu guardião de braços abertos do outro lado; em frente, o Padrão dos Descobrimentos, o Mosteiro dos Jerónimos e um barquinho à vela (que não garanto que lá esteja sempre); à direita, a Torre de Belém; por todo o lado, os telhados do casario do Restelo e Belém; no horizonte, a outra margem.

Bebo chá depois de almoço à varanda do meu novo local de trabalho. É um apartamento, forrado a BD e outras imagens, com mobílias vermelhas e azuis. Tenho o meu gabinete, com a minha secretária, com o meu computador e a minha cadeira com rodas.

O sol forte do pós-almoço, que já deixa adivinhar a tão desejada Primavera que se aproxima, deixa cair laivos dourados na água e põe-me a pensar... Se tudo isto fosse uma metáfora... Se tudo isto fosse uma imagem premonitória do que vai acontecer... Que lindo seria o meu futuro! Cheio de água, sol e cores! Será que basta saltar esta janela?

Alguém quer boleia no meu barco à vela?


PS.: E porque a vida não é só pintura impressionista, bonita e luminosa, fiquei trancada na casa de banho. Estava sozinha e entrei em pânico, mas depois lá consegui perceber que era eu que não sabia usar o trinco... Senti-me uma fera enclausurada numa jaula de cores fortes: o lado fauvista do meu dia de pinturas.