segunda-feira, 26 de julho de 2010

terça-feira, 20 de julho de 2010

"No piense más. No piense más. O tendrás mil pasados y ningún futuro."



Quem ainda não viu, faça o favor a si próprio de ir ver. Óscar de Melhor Filme Estrangeiro mais que merecido. É uma história que, embora fácil de seguir e perceber, é complexa. Um filme completo, que faz rir, faz chorar, é perturbador e com diálogos que nos deixam palavras verdadeiras coladas à memória. "No piense más", ouvi, e parecia que era para mim.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Alexa Chung


Esta garota entrou directamente para a minha lista de "Pessoas que deviam ir morrer longe", onde constam nomes ilustres como Scarlett Johansson, Heidi Klum ou Marion Cotillard.
Isso não impede, contudo, que eu fique toda contentinha quando a minha irmã diz: "essa tua mala é tão Alexa Chung".

Deuses da reencarnação, desta vez quase acertaram, sim senhor, que eu até sou jeitosa e com estilo. Mas deitem um olho nisto e façam só mais um esforçozito para a próxima, sim?

Se puderem enviar-me ao mundo já com o guarda-roupa da pequena Alexa, agradeço.

terça-feira, 13 de julho de 2010

São Paulo à chegada

Lisboa ficou para trás e nem ousei olhar pela janela quando o avião descolou, rumo ao céu azul.
Hoje acordei com trovões e muita chuva a bater na janela. O sol de São Paulo não quis brilhar neste meu primeiro dia. Talvez esteja tímido, talvez seja cauteloso, talvez me queira fazer sofrer um bocadinho. As coisas boas não podem ser mostradas logo ao início porque depois já nada nos consegue surpreender.
A cidade não tem uma cara bonita, daquelas que nos prendem de imediato. É dura para quem chega habituada ao glamour e meiguice das cidades europeias. Ainda mais com este tempo cinzento...
Mas hoje foi o dia zero. Amanhã vou aventurar-me sozinha por aí, vou vestir o casaco e sair para a rua debaixo do meu guarda-chuva florido. E principalmente, vou ter sempre comigo as palavras que um dia escreveu Fernando Pessoa:

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmo lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-lo, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

Hoje, começou uma vida nova.

São Paulo, where the wild things are


E pronto. A Gema lá foi para a cidade grande fazer pela vida.

Ficámos a acenar no aeroporto até ela desaparecer da nossa vista. Houve umas lágrimas nos meus olhos, quando ela não estava a ver, mas principalmente sorrisos como quem diz: "vai ser fabuloso; serás muito feliz no sítio das coisas tropicais".

E ela disse assim: "vou ter tantas saudades tuas!"
E eu disse assim: "eu já tenho saudades tuas!"

E já. Mas sem angústia, porque, tal como disse um destes dias no divã, o teu é um amor seguro.


PS.: Vê lá se crias esse blog! Fica aqui a pressão pública.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Lolita


Há uns dias vi Lolita. Descia as escadas do metro, passos lânguidos e aparentemente seguros. Segurava o cabelo com as mãos, não de forma prática e rápida como quem tenta refrescar a nuca, mas num gesto lento como quem diz 'tenho a nuca quente'. O olhar vinha de baixo, como as modelos quase despidas das capas das revistas. A atitude sensual era ajudada pela beleza de cabelo loiro e olhos azuis. Atrás dela, vinham os pais e um provável irmão mais velho. Lolita caminhava dois ou três passos à frente e sabia-o.

Não sei quando foi que as meninas decidiram querer ser mulheres rapidamente. Também eu vasculhei as roupas da minha mãe e desfilei vestidos de noite feitos de camisas frente ao espelho (e já sabia que só podia usar aquele grupo de roupas específico), mas o meu comportamento de imitação das mulheres ficava por aí. Hoje, há meninas de 13 anos nos Estados Unidos que fazem sexo oral aos colegas de turma no banco de trás do autocarro da escola. Hoje, há meninas de 15 anos que já se deitaram com metade dos rapazes da escola. Hoje, há meninas de 16 anos que dizem às amigas de 16 anos: "não é normal ainda seres virgem" (e este aqui em Portugal, caso verídico). E é aqui que eu torço realmente o nariz.

Vade retro, puritanismo. Não é de valores morais que trata este texto. O que me assusta nem é tanto ser normal ter sexo a partir dos 13 (sempre aconteceu); o que me assusta é "não ser normal" chegar-se aos 16 sem o ter tido. É aqui que as meninas revelam as crianças que realmente são e não as mulheres que querem parecer. Porque é de criança achar-se que há uma idade "normal", porque é de criança pensar que depois "daquilo" já se é mulher e já se tem toda a sabedoria. E não é suposto crianças andarem a ter sexo, principalmente de forma indiscriminada. Não é suposto crianças terem olhares lânguidos e bocas entreabertas. Nem é previsto meninas fingirem que não é amor que querem e pavonearem-se entre as amigas com atitude cínica e desencantada.

E o prazer da descoberta onde fica? Se quando se começa a sentir uma ligeira vontade de descobrir, aquele suave formigueiro nos pés que nos impele a andar por um caminho desconhecido, já se está lá, já se chegou. Será que não se deixou nada pelo caminho? Será que os pés não foram sozinhos?

Lolita é personagem de romance por ser única, por ser excepção, por ser diferente de todas as outras. Se fossem todas Lolitas, Nabokov provavelmente não teria sobre que escrever ou seria apenas um escritor medíocre que conta histórias sobre uma menina igual às outras.

A Lolita que vi descer as escadas do metro, fazendo dançar subtilmente as ancas, ainda a meio caminho do tamanho final, desconcertou-me. Se pudesse, dizia-lhe: não é assim que tens de ser agora, não queiras crescer tão depressa. Senão, corres o risco de chegar a uma altura em que te perguntas: já fiz tudo. E agora? Vivo para quê?