domingo, 28 de fevereiro de 2010

Life on air


Studio 60 on the Sunset Strip*. Season 1 (e única). Episódio 17: The Disaster Show. Uma greve de aderecistas causa o caos no programa de hoje. As coisas correm mal durante o directo: acidentes, imprevistos, brincadeiras de mau gosto. Nervos em franja, gritos, raiva, vontade de mandar tudo à merda e sair dali, em pleno directo.
Fazer o 5 para a meia noite não é fácil. São cinco directos por semana, com convidados diferentes para cada programa. Temos uma hora de sketches, entrevista e momentos live para guionizar. Há cinco apresentadores com personalidades muito peculiares com que lidar, numa encantadora relação amor-ódio (mais amor, pronto). E há ainda que contar com todos os imprevistos que podem assaltar um directo a qualquer momento.
Há, no entanto, uma pequena coisa a favor: temos a sorte de ter o melhor trabalho do mundo. A nossa obrigação é inventar, criar, conhecer e, principalmente, brincar. Um dia frutífero é um dia passado a rir. Claro que é preciso inteligência e frieza suficientes para sabermos distinguir o que são piadas giras entre amigos e o que é material bom para televisão, mas é certo que divertirmo-nos é meio caminho andado para saber que vamos também divertir quem vê o programa em casa.
O primeiro passo para se viver infeliz é levar-se demasiado a sério - cada vez mais me convenço. E é esse dar-se demasiada importância a dramazinhos que não passam de ninharias que põem nuvens de chuva onde devia haver apenas sol. Profissionalismo não é estar sempre nervoso e preocupado. Temos demasiados gritos e demasiada amargura. Demasiada insegurança e demasiada vontade de que chegue ao fim.
Nós não estamos aqui para salvar o mundo, curar doenças, governar países, educar crianças. Existimos para entreter. Só isso. Não criemos cabelos brancos nem apressemos as rugas. Não chamemos as insónias. Não gritemos, não nos zanguemos demasiado, não cultivemos ódios. Não vale a pena, não é assim tão importante. É apenas televisão.
No fim daquele programa do Studio 60, em que tudo o que podia correr mal correu ainda pior, um cast nervoso e uma apresentadora convidada furiosa despedem-se para as câmaras. Da régie, o realizador fala com uma calma surpreendente para o ouvido da apresentadora. No último minuto, recosta-se na cadeira, sorri e diz: "tell me you still didn't have the time of your life tonight".



*Studio 60 on the Sunset Strip é uma série americana sobre os bastidores de um programa late-night de comédia, ao estilo de Saturday Night Live.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A rapidez com que dei a resposta não deixa mentir: acredito mesmo nisto. Bolas.

J: Marta, tu é que me vais dizer.

Eu: Diz, diz.

J: É legítimo lutar para lá do que é razoável por amor?

Eu: Claro.

J: Obrigado. Sabia que se havia alguém no mundo que iria compreender eras tu.

Eu: Anytime.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

"...e deixaríamos coisas ditas no ar, para continuar interminavelmente. eram coisas que se suspendiam sobre nós, como roupa a secar, e com que nos deparávamos mais tarde, como se lhes batêssemos com a cabeça numa distracção qualquer..."

valter hugo mãe,
em o remorso de baltazar serapião

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O meu príncipe encantado não vai ter encanto nenhum.



Não te quero com pós mágicos, envolto em luz, de brilho élfico e beleza estonteante (pronto, esta pode ser um bocadinho. Não estonteante, mas assim de fazer tremer ligeiramente os joelhos, vá.). Ilusões. Tudo ilusões.

Tu vais chegar de pés bem assentes na terra, sorriso franco, eu quase nem vou dar por isso. Quando deixar de me distrair com inutilidades, vou olhar e tcharam!, ali estás tu, todo carne e osso (e bons ombros, boas mãos, lindos olhos e uma barbinha de 3 dias, sim?), uma pessoa a sério (e inteligente, culto, engraçado e liberal, ok?) e não um avatar azul. Palpável (convém, claro...) e muito real.

É quando perceber que posso pôr um pé na tua realidade e tu um pé na minha, quando nos sentir a criar uma realidade nossa, que saberei: és o meu homem de sonho.



PS.: Ah! Vai estrear a Princesa e o Sapo e eu vou ver toda vestida de cor-de-rosa. Posso querer armar-me em lúcida e céptica, mas um clássico da Disney é um clássico da Disney.