terça-feira, 22 de setembro de 2009

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- Não compreendo a vingança - disse ele -, nunca a senti. E não escrevo sobre ela.

- E Emma Zunz?
- Sim, mas é o único caso. Mas a história foi-me dada e eu nem acho que seja muito boa.

- Então, não aprova a vingança por algo que tenha sido feito contra si?
- A vingança não altera o que foi feito. Nem o perdão. Vingança e perdão são irrelevantes.
- Que se pode fazer, então?
- Esquecer - disse Borges -, isso é tudo quanto se pode fazer. Quando me fazem mal, finjo que aconteceu há muito tempo e a outra pessoa qualquer.
- E funciona?
- Mais ou menos - mostrou os seus dentes amarelos -, mais para menos do que para mais.



Eu sabia que havia uma razão para ignorar o sentimento de expectativa defraudada e não desistir deste livro. O remate da viagem está a ser todo muito bom (guardou o melhor para o fim, não foi, senhor Theroux?), mas só esta passagem já valeria a pena a persistência.

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