"(...) o sabor do café na manhã clara, uma saia que roda e faz frufru, a luz que rompe, rindo, em face suja, alguém recupera música esquecida assobiando, a madeira velha larga um odor de tudo o que apetece voltar a ter, um amigo chega, bate à porta e lembra-nos o que somos, uma frase atirada ao acaso dirige-se directamente ao coração de alguém, há uma gare que se percorre o tal abraço, um pedaço de relva enrola-se nos dedos distraídos, um barco ao longe está parado e leva-nos, é de um verde tropical o cenário que te enfeita, faço áleas de repente por saber que vens aí, e é como passear galeras ou palmeiras, ou alegria, ou esta Primavera alvoroçada, este encontro marcado fonte e folha, brotas da geometria de um canteiro, o espaço exacto, há uma gota de orvalho no teu ombro, a gota de orvalho que há no teu ombro reflecte tudo o que é puro, matinal, tudo o que é puro e matinal em mim, embora eu já nem saiba como hei-de dizer tudo isto."
E por isso pedi palavras emprestadas ao Dinis Machado.
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