terça-feira, 26 de agosto de 2008

Os outros e eu

Há muita coisa a acontecer, na minha vida em geral e no mundo em particular (que engraçado). Gostaria de escrever sobre tudo, criando uma ligação entre todos os temas que resultasse num texto inteligente e cheio de estilo. Mas não consigo. Portanto, aqui vamos.

1. Às vezes tenho tendência para simplificar as coisas. É o meu lado mais emotivo. Por exemplo: porque é que alguém não aponta uma arma à cabeça de quem manda fazer guerras e o obriga a acabar com elas? Ingenuidade. Ou talvez saturação. Bom, mas vamos ao ponto essencial. Não percebo porque é que, se uma região (e entenda-se a maioria do seu povo e não meia dúzia de malucos) quer deixar de pertencer a um país, porque razão não há-de poder fazê-lo? O único argumento que talvez me convença é se se der o caso de esse país pôr em causa a sua própria independência (a todos os níveis) pela perda dessa região. Por exemplo, se metade do Luxemburgo quisesse tornar-se independente, será que a outra parte se aguentaria enquanto Luxemburgo? Não sei como é em relação à Geórgia. Mas aqui em Portugal, por exemplo, se a Madeira quiser tornar-se independente, porque não deixar? Até ficamos todos mais aliviados, provavelmente, por não ver tiranos associados ao nome de Portugal. E dificilmente isto criaria guerras. Primeiro, porque os portugueses são demasiado preguiçosos para se meterem nessas maçadas bélicas (e, por uma vez, valha-nos essa preguiça). E depois porque ninguém se ralaria com isso. Se os madeirenses quisessem ser independentes, era lá com eles. Com a Geórgia (e só por princípio moral, que não sei o suficiente do assunto) é o mesmo. Com o Tibete, o mesmo. É lá com eles. Se a razão é puramente o valor patriótico dos países que dominam essas regiões, então que se lixem as nações, que se lixe a Geórgia, a China, a Rússia e a sua ilusória integridade geográfica. Patriotismos, nacionalismos e outros ismos que tais ainda não me provaram que conseguem ser coisas boas.


2. E os assaltos? E os tiros? E essa favela em que se tornou Portugal? Como jornalista, não posso deixar de pôr em causa o trabalho dos meus colegas (a quem, aliás, invejo de morte, por terem um trabalho pago) e, principalmente, o de quem manda neles. Não é alarmismo? Eles falam em "onda de crime". Podem dizer isto? Onde estão os números? Há mesmo mais crimes ou simplesmente fala-se mais deles? A pergunta essencial nesta silly season é: há mais crimes ou menos fogos?


3. Finalmente, a eterna repetição. Não entendo porque é que às vezes não conseguimos proteger-nos do que nos faz mal. Mesmo que já nos tenha feito mal uma, duas, três vezes, continuamos a insistir, sempre com o pensamento no coração de que desta vez vai correr tudo bem. Na cabeça, a vozinha sábia que diz, como alguém um dia escreveu, "prepara-te para o sempre igual". A vida é mais constante do que queremos crer. Os acontecimentos têm mais lógica do que nós gostaríamos. Se 1+1 sempre foi igual a 2, porque desta vez haveria de ser diferente? A vida deve rir-se da nossa ingenuidade. E às vezes enervar-se, como o professor se irrita com o aluno que não compreendeu a lição depois de a ter ouvido vezes sem conta. A vida deve estar furiosa comigo. Eu, pelo menos, estou. Devia dizer mais vezes a mim própria: "acredita na matemática". Mas a merda da poesia...

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