Não foi há muito tempo que me apercebi de que tinha crescido. Maturidade. Que não se mede por já termos o período, por perdermos a virgindade, por tomarmos a pílula, por nos deitarmos com meia dúzia de pessoas, por já não vivermos com os nossos pais, por estarmos noivas, grávidas ou usarmos creme anti-rugas. Para isso é preciso apenas dinheiro, sorte ou um grande azar.
Quando percebi que já não era realmente uma criança foi há pouco tempo. Tinha acabado de almoçar e quis comer uma fruta. Pedi à minha irmã, que estava mais perto da fruteira, que me mostrasse as minhas escolhas. Decidi-me por uma pêra. Ela perguntou: "qual queres?", ao que eu respondi:
- É melhor ser essa mais madura, para não se estragar.
PIMBA!, atingiu-me como uma frigideira espetada pelo Jerry no focinho do Tom. Antes, tirava sempre a fruta mais apetecível, os meus pais que comessem a velha, já tocada aqui e ali. Eu cá queria as minhas pêras fresquinhas e o resto que se lixasse. Mas agora não. Agora como a fruta mais madura, para não se estragar, porque tem de ser. Estão ali uns morangos fabulosos, mas, caramba, não vou deixar a maçã apodrecer. Foi nesse exacto momento que disse para mim própria: Marta, estás uma mulher.
4 comentários:
Será que às tantas, de tão maduras, também nós nos vamos estragar? Alguém que me tire da fruteira, rápido!!!!
ah ah!
Eu tenho o problema contrário: continuo uma criancinha. Isto apesar de comer sempre a fruta mais madura. É que se não comer aquela maçã, ela fica podre. E uma maçã podre é uma maçã triste, frustrada, de mal com a vida.
E eu quero toda a gente feliz. Mesmo que sejam maçãs.
eheheh, um bom texto, sim, com uma boa observação ;)
apetece-me fazer uma piada com "mulhar MADURA". mas para isso ainda faltam uns bons anos! ;)
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