Ao Penim, que conheceu dois exorcistas na semana passada.
Lembram-se de um dos últimos posts da Clara, o “Cumplicidade”? Pois bem, vamos continuar a recordar o maravilhoso tempo em que as Elas e os Elos se tornaram amigos inseparáveis e prometeram ficar juntos para sempre, na alegria e na tristeza. Desta vez (e porque prometi ao Penim), vou contar-vos uma linda estória que junta um jantar com muito vinho na Feira Popular, uma Casa Assombrada e a miúda do Exorcista.
Foi um dos primeiros jantares de turma no primeiro ano da faculdade e não sei como é que os nossos fígados tão tenrinhos conseguiram absorver tantos litros de álcool. Todos nos fartamos de rir quando vemos a fotografia do Zebas em cima da cadeira com uma febra espetada no garfo e a outra em que ele e o Marcos Melo sorriem com cara de parvos e os dentes “podres”.
Saímos do restaurante, de certeza a dizer parvoíces e a rir muito alto, e à nossa frente apareceu, envolta em luz, a “Casa Assombrada”. Agora imaginem que são um grupo de miúdos de 18 anos, bêbedos, e têm a Casa Assombrada ali à mão de semear. O que é que fariam? Pois claro, iam a correr comprar os bilhetes. Ainda não tínhamos dado dois passos e já ninguém parava de gritar. Não me lembro bem do que havia lá dentro, mas sei que, depois de passarmos um corredor escuro, entrámos num quarto onde havia uma cama toda almofadada com a miúda do Exorcista deitada. Eu podia jurar que a cama levitava como no filme, ela tinha a cara verde e completamente destruída, os olhos florescentes, possuídos pelo demo, uma camisa de noite branca e era muito muito má. Mal entrámos já só queríamos sair e se possível passando bem longe da criatura. Atravessámos o quarto a correr, a miúda a gritar connosco, nós a gritar para os da frente correrem mais rápido, os outros “monstros” a gritarem lá fora… No meio do pânico a Vera caiu aos pés da cama. A miúda do Exorcista levantou-se, caminhou até ela, a Vera olhava para a miúda e não parava de gritar, a miúda chegou ao pé dela e… não, não lhe vomitou uma massa verde para cima, não fez o truque do pescoço e nem sequer a empurrou com violência contra a parede. Perguntou-lhe se estava tudo bem, se precisava de ajuda. Óbvio! Mas a Vera assim que viu a cara dela tão perto gritou ainda mais alto, pôs-se de pé e desatou a correr.
Chegámos ao fim do percurso todos arranhados e com as mãos esfoladas, com o peito ofegante e… completamente sóbrios.
Porque é que eu ainda me lembro desta estória hoje, quando nem sequer consigo reconhecer a pessoas que veio ter comigo na Feira do Livro e me cumprimentou calorosamente? E que, vim a descobrir depois, trabalhou comigo há menos de um ano? Não sei, acho que tenho uma memória cheia de personalidade.
A propósito, na sexta-feira passada vi o Exorcista. Pela primeira vez.
4 comentários:
ahahah. muito obrigado!
na próxima vez que quiser curar uma bebedeira... já sei o que fazer.
era esta a moral da história não era?
beijinhos!
Eu acho que não há moral da história, é só uma paevoíce de que me lembro sempre que se fala no Exorcista. Enfim...
Rita mto obrigado por esta grande lembrança que me fez rir à gargalhada, como se voltasse atrás no tempo, no meio de um teste escrito que estou a dar aos meus alunos.
Bjs
Adorei a "memória cheia de personalidade"! Belíssima história... Mas eu nem pouco sóbria entrava nesse lugar...
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