domingo, 14 de junho de 2009

No outro dia, o destino chegou-se ao meu ouvido e disse:

"Toma lá um chapadão de todo o tamanho nessa cara bonitinha. Pensaste que era fácil? Que era só sorrir e acreditar em coisas boas e elas aconteciam? Isso querias tu. A vida não é essa facilidade toda. Então a felicidade... custa. Sua lá mais um bocadinho que não te faz mal. Mete o pé no buraco, mais um também não te faz diferença. Tropeça e cai, que uns arranhões até dão cor à tua pele anémica. Agarra-te ao estômago. Já nem sabes o que te fez mal, não é? A bebida, a comida, o soco. Mas que está aí um nó, está. Deixa lá, isso passa. Como passa sempre. Deixa lá e continua a acreditar que qualquer coisa muito boa te vai acontecer brevemente. Pode ser que aconteça mesmo. Agora limpa mas é essa cara, está cheia de terra. Vê se para a próxima olhas para o chão e não cais dessa maneira."

Chega o Chico e diz assim: "não se afobe não..."

1 comentário:

Anónimo disse...

Que bom seria se a felicidade custasse... Quem recusaria ter o trabalho, fazer o esforço, pagar o preço? Nem eu hesitaria em abdicar da(s) pose(s), das poucas posses, e do amargo farniente, se me deparasse com a empreitada de ser feliz... Mas a maioria das pessoas esgota as suas vidas (de silencioso desespero, como dizia o outro) sem ter sequer a certeza de que a felicidade exista, ou, quando admite que exista, sem fazer a menor ideia de onde procurá-la. Já vi a felicidade, e sei portanto que existe: já vi gatos felizes, e bebés felizes, e (juraria) árvores felizes. Nunca vi sinais de que gatos, bebés ou árvores se perguntassem se eram felizes, ou se alguma vez o seriam. Quem disse que uma vida sem auto-escrutínio não valia a pena, garantidamente, nunca foi feliz... Não te afobes, ó Marta, e, sobretudo, não te interrogues, aconselha a cobra (em estado de perpétua perplexidade).