Queria roubar as palavras do Peixoto. Queria roubar e roubei. Acho que sentimos os dois da mesma forma. Ele escreveu. Eu roubei. Uma divisão justa, parece-me.
E Madrid ficou tão bem na fotografia.
Madrid regressará sempre. São precisos anos
para aprender aquilo que apenas acontece com
a distância de anos. É por isso que posso afirmar
que Madrid regressará sempre. Não sei que tipo
de entendimento encontrámos. Eu e Madrid não
nos conhecemos bem. Sabemos o essencial e
inventamos tudo o resto. Tanto a minha vida,
como a vida de Madrid, já tiveram muitas formas.
No entanto, quando nos encontramos, somos
sempre o mesmo nome. Avaliamo-nos por
cicatrizes e pequenas marcas de idade.
Não estabelecemos metas, estamos cansados.
Eu e Madrid só queremos uma cama, mas,
se não houver, contentamo-nos com o chão e,
se não houver, contentamo-nos com um abraço.
(JOSÉ LUÍS PEIXOTO, in "Gaveta de Papéis")
1 comentário:
E naquele momento em que toda a gente devia rir, só conseguimos bater palmas devagar. Lindas palavras.
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