Hoje acordei e levantei-me mais cedo do que o costume (ó dor), mas não demorei a perceber que estava mesmo acordada. Cheguei à casa de banho e deparei-me com a minha irmã ainda de pijama, com uma fita vermelha mais velha que eu a segurar o cabelo todo, a tentar abrir um frasco de lixívia de dois litros. Na bancada, estava outro, já vazio. Olhou para mim com uma expressão a roçar o pânico.
- "Eles", começou, referindo-se àquela entidade desconhecida que sabe uma data de coisas, como o tempo para amanhã, "eles estão a mandar pôr lixívia nos canos. Vai haver uma invasão de baratas em Lisboa".
Estive quase para a lembrar de que ali em Alfornelos já não é Lisboa, mas vi-a tão aflita que só consegui apontar para a sanita e dizer: "põe aqui também". Ela continuou na azáfama de abrir a lixívia, já com a ajuda de uma tesoura, e, muito concentrada, deitou o líquido no lavatório, na banheira e na sanita. Depois de trabalho pronto, parou dois segundos a olhar em silêncio. A última coisa que disse antes de partir em busca de outros canos saiu já em tom desesperado.
- "Como se isto as impedisse".
5 comentários:
Ai "Eles" disseram isso? Então suponho que quando voltar a casa, lá para Setembro, tenha a casa infestada, não?
primeiro, a fita não é mais velha que tu. ja eras uma jovem adulta quando a adquiri. e depois, as baratas sao um assunto muito sério, não devias gozar assim. elas vêm para te buscar!
Se elas sobrevivem a uma bomba atómica, temo que sobrevivam à lixívia.
tão bom!!!
Consta que a lixívia é um excelente elixir da juventude para as baratas... ficam lavadinhas, airosas e prontinhas a voar por cima das vossas cabeças e poisar sobre o melhor de vocês, meninas. Por isso, quanto mais, melhor... lexívia pelos canos! Nada de coca-cola, pois é corrosiva.
Enviar um comentário