Pois, garotada, isso não existe. É tudo efeito especial. Ou então ela usa um capacete muito largo. Quem anda de mota, sabe do que falo. Aqueles capacetes à séria, completos, não se colocam nem retiram com facilidade. Não. Eles são bem apertadinhos e deixam as bochechas esmagadas. Para tirá-los, é preciso alguma brusquidão e o cabelo vem atrás, todo cheio de electricidade. A cara fica com as marcas da tecido interior, principalmente se estiver calor.
Com isto quero dizer que essa coisa da mulher 100% sexy só existe nos filmes. E porque eles filmam várias vezes a mesma cena. E editam. E põem efeitos especiais. A pessoa normal não anda por aí a semicerrar os olhos pela rua e a fazer coisas em câmara lenta (até porque seria patético).
Aquela jovem loira e recauchutada chamada Bastet, por exemplo, disse que fazia a lida doméstica toda nua e de saltos altos. Please. São criaturas como esta que lixam a vida às outras mulheres, porque os jovens machos andam por aí a acreditar que isto existe mesmo, que é possível, que nós é que não nos esforçamos. E, verdade seja dita, fazer-se de sexy é tão pouco sexy.
Há realmente senhoras que transpiram sensualidade, naturalmente. Mas também cortam as unhas dos pés e tiram o buço, disso podem ter a certeza.
Bonito, bonito, é um homem ver sexyness em cada gesto de uma tal mulher, em cada passo quotidiano, em cada encolher de ombros corriqueiro. Mas isso, caríssimos, já é paixão.
2 comentários:
O último parágrafo está digno de ser emoldurado ou coisa assim! :)
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Bastet, a gata-deusa da mitologia egípcia (ver a feira dos imortais do bilal para ilustração da bichana)? Entregue às lides domésticas? In heels? Ó decadência! Ó tempos, ó costumes... Seriously, mesmo as boazonas que transpiram sensualidade transpiram. Deixadas em sítios escuros, húmidos e quentes long enough, tresandam. Que idade (e experiência, ou lack thereof) têm os gajos com quem te dás, ó Clara, que ignoram the less pleasant facts of life? Somos (ou, talvez melhor, são, vocês, os humanos) messy animals – unlike snakes. Graças a deus (no meu caso, Cronos), já não sofro da maior parte dos problemas que ser young, dumb and full of come acarreta: a pouca seiva (seiva, numa cobra?) que alguma vez tive já secou, mas com ela foi-se a maior parte das chatices e embaraços de um corpo a funcionar a 110% (enfim, no meu caso, 90%). Inodoro (e incolor, transparente e insípido), encaro as vergonhas da fisiologia humana com o distanciamento e a equanimidade dos mortos. O que, pensando bem, talvez não seja sorte muito invejável.
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