Não escrevo o melhor poema do mundo nem cito o melhor poeta do mundo. Não copio uma ode inteira nem um soneto nem sequer um pedaço de Camões ou Pessoa. Deixo antes um poema de que gosto muito; gosto assim com calor e com olhos de ler muitas vezes repetidas. Pequenino. Quase cabe todo de uma vez na retina. Um beijo na testa da nossa Lisboa.
Lisboa
Alguém diz com lentidão:
«Lisboa, sabes...»
Eu sei. É uma rapariga,
descalça e leve,
um vento súbito e claro
nos cabelos,
algumas rugas finas
a espreitar-lhe os olhos,
a solidão aberta
nos lábios e nos dedos,
descendo degraus
e degraus
e degraus até ao rio.
Eu sei. E tu, sabias?
Eugénio de Andrade
1 comentário:
Hoje li um poema de que gostei muito.
O autor é o Al Berto. Esperto, este. E profundo Q.B.
Terei encontrado este poema por ser o Dia da Poesia?
Ou será que o poema me encontrou por considerar que hoje é o Dia do Provocador?
Acima de tudo, gosto de pensar que tenho as duas hipóteses...
;)
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