"Demasiado tarde". Está na página 215 do Evangelho segundo Jesus Cristo. Este é apenas o terceiro livro que leio de José Saramago, mas não me perguntem qual prefiro. Impossível escolher. O ano da morte de Ricardo Reis foi uma óptima porta de entrada, que me fez rir e mergulhar em Fernando Pessoa, o que nunca pode deixar de ser uma boa viagem. O Memorial do Convento é mais pesado, mágico, repleto de personagens para lá de fascinantes. O que estou a ler agora é um dos mais originais livros que conheço, embora seja uma versão da história mais contada do mundo. E, em todos... a ironia! Três vivas à ironia, que faz dos europeus europeus e que me fez apaixonar por Eça de Queirós.
Que fique aqui escrito mais uma vez: Saramago é um génio.
Saramago não dá erros de português, conhece demasiado bem a sua língua para isso. Saramago é um escritor e, portanto, um artista. Saramago sabe de cor todas as regras da escrita - isso faz dele um escritor. Saramago quebra essas regras de forma brilhante - isso faz dele um génio.
Não importa o que José Saramago pensa de Portugal ou o que Portugal pensa de José Saramago. Também não é relevante a arrogância que torna as suas palavras quase incómodas. Ninharias.
São os livros que fazem o escritor e os dele são prodigiosos, maiores que um país, um continente, um mundo.
Saramago não é um grande escritor português. Saramago é um grande escritor. E a primeira vez que o li já foi "demasiado tarde".
2 comentários:
há quem diga que eu vivo dentro de uma passarola ao melhor estilo 'saramagueano' :)
... e é tão bom voar.
beijinhos
Carolina Salgado: Contratei uma professora de português só para me botar as vírgulas. Para não confundirem a minha escrita com a do Saramago. Temos o mesmo estilo.
Anónimo: Tu e o Saramago?
Carolina Salgado: Sim é do alterne
Anónima: Ai o Saramago também alterna?
Carolina Salgado: Sim. Alterna obras-primas com grandes disparates! Aquela de Portugal ser uma província de Espanha... nem as alternadeiras às quatro da manhã!
in HIP'O PARQUE (Parque Mayer)
Enviar um comentário