A menina abriu o armário e tirou quatro ovos. Cozido? Estrelado? Mexido? Escalfado? Hoje vai comê-lo cru.
domingo, 11 de janeiro de 2009
Eu e três homens de farda
Gosto muito de conduzir. Infelizmente, encaixo perfeitamente no estereótipo da mulher que se calhar até conseguiria mudar um pneu, mas evita ao máximo fazê-lo.
Há pouco, no caminho para casa depois de um fantástico fim de dia com as minhas amigas bailarinas, o pneu furou. Claro que só me apercebi disso quando o cheiro a borracha já quase chegava a Espanha. Ouvi um barulho, o carro desviava, mas não me passou pela cabeça que fosse o pneu. No que toca a mecânica, as coisas não me surgem como por magia no cérebro. Quando o barulho se tornou demasiado assustador, resolvi encostar, junto a uma paragem de autocarro. Saí e vi: o pneu todo esfrangalhado (é a palavra certa). Como é que cheguei até ali, não sei.
Ainda mal tinha começado a pensar "que raio vou fazer agora?", quando dois jovens se aproximam de mim. "Queres ajuda?", perguntam. Claro que quero, por favor, digo com os olhos. Respondo "pode ser..." Um deles, imberbe, tem uma bonita carinha de miúdo. O outro é mais velho e pouco atraente. Ambos estão fardados. Entretanto, chega mais um fardado, de carro; o Galvão, como os ouço dizer. Tão jovem e imberbe como o camarada, cumprimenta-me com "boa noite" e uma ligeira continência. São da Força Aérea, dizem-me. "Nós mudamos-te o pneu", dizem-me também. É-lhes exigido que pilotem aviões, não que percebam de mecânica. Não sei onde vão aprender estas coisas. Talvez venha de origem com o cromossoma Y.
Dei graças aos céus por os homens não desperdiçarem nenhuma oportunidade de demonstrarem a sua masculinidade e ali fiquei, de mãos nos bolsos, a ver um dos jovens pôr o triângulo na estrada e o outro, o mais velho, de cócoras, às voltas com macacos, parafusos e borracha queimada. E, com os 3 graus a sentirem-se por dentro dos ossos, ali estava aquele homem novo, de mangas arregaçadas e pele exposta, a resolver o meu problema com gestos certeiros. Pareceu-me o homem mais bonito do mundo. Depois de trabalho feito, fui-me embora, com um "muito obrigada" e um sorriso. Eles retribuíram, também sorridentes, e acenaram enquanto me viam partir.
Foi a noite em que eu e três homens da Força Aérea protagonizámos um conjunto infinito de clichés.
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3 comentários:
Você mete-se em cada uma! Qual princesa emancipada!! ;) *
que sorte...
e ainda dizem que as Forças Armadas não têm utilidade.. :)
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