Encolho-me dentro da roupa. Sinto-me febril, mas sei que não tenho febre. Às vezes tremo. Não sei se de frio, se de medo do inesperado, do demasiado rápido.
A luz cinzenta, a chuva, o vento, mas principalmente o frio - chegou o Inverno. Tão depressa...
Gosto das coisas no seu lugar. Gosto de rotinas, gosto de saber o que me espera no dia seguinte.
Mas já nada é como devia ser. Tenho de fechar os olhos para vê-lo: sob um sol ainda morno, as árvores mostram, no seu lento despir, como a natureza consegue ser sensual. E são como mulheres: é quando estão nuas que são mais bonitas. Ou, pelo menos, mais verdadeiras.
Alguém deu pelo Outono passar? Alguém notou a terra ficar vermelha e dourada? Nós próprios aceleramos as estações. Ainda não acabou Outubro e já o Natal está por toda a parte, nos centros comerciais, nas cabeças aflitas dos pais, nas mãos ansiosas das crianças.
Pobre S. Martinho, o mais injustiçado dos santos. Demos-lhe um dia e agora esquecemo-nos dele. Gostava de me sentar num banco de jardim, com os pés deliciados sobre as folhas secas, a comer castanhas quentes, daquelas que queimam a boca e deixam as mãos sujas. Mas não posso. O Inverno não me deu tempo.
Obrigada, Van Gogh, por tantas vezes teres pintado o Outono. Daqui a uns anos, já com a memória tão indefinida como as pinceladas dessas imagens, vamos olhar para elas e perguntar: "lembras-te"?
A luz cinzenta, a chuva, o vento, mas principalmente o frio - chegou o Inverno. Tão depressa...
Gosto das coisas no seu lugar. Gosto de rotinas, gosto de saber o que me espera no dia seguinte.
Mas já nada é como devia ser. Tenho de fechar os olhos para vê-lo: sob um sol ainda morno, as árvores mostram, no seu lento despir, como a natureza consegue ser sensual. E são como mulheres: é quando estão nuas que são mais bonitas. Ou, pelo menos, mais verdadeiras.
Alguém deu pelo Outono passar? Alguém notou a terra ficar vermelha e dourada? Nós próprios aceleramos as estações. Ainda não acabou Outubro e já o Natal está por toda a parte, nos centros comerciais, nas cabeças aflitas dos pais, nas mãos ansiosas das crianças.
Pobre S. Martinho, o mais injustiçado dos santos. Demos-lhe um dia e agora esquecemo-nos dele. Gostava de me sentar num banco de jardim, com os pés deliciados sobre as folhas secas, a comer castanhas quentes, daquelas que queimam a boca e deixam as mãos sujas. Mas não posso. O Inverno não me deu tempo.
Obrigada, Van Gogh, por tantas vezes teres pintado o Outono. Daqui a uns anos, já com a memória tão indefinida como as pinceladas dessas imagens, vamos olhar para elas e perguntar: "lembras-te"?
2 comentários:
Olha, assim folhas secas pelo chão... talvez as de jornal já meio amachucadas, mas castanhas há muitas! Vai do rossio ao terreiro do paço, que logo vês que ainda há Outono!
E nem um cheirinho a terra molhada o meu nariz sensível sentiu este ano... Bora pôr cheiros no quadro desse senhor!?!
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