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Um colega meu definiu os livros deste autor em três palavras: "o suspense contínuo". Tem razão.
No meio do Alentejo, inventou a Quinta do Tempo. Lá dentro, António Augusto Millhouse, um homem intrigante, que tem uma ocupação tudo menos normal. O narrador, um jovem angustiado que passa os dias a tentar descobrir o que a vida quer dele, deixa-se levar até este misterioso sítio. Depois, há a Camila e os seus dois irmãos: Gustavo, amante do álcool, e Nina, a mais pequena, ainda amante de coisa nenhuma. Camila é fascinada por funambulismo e sabe que quer passar a vida equilibrada numa corda.
Diz-se desta história que é sobre memórias, o passado que nunca nos deixa o presente tranquilo. Mas é também sobre buscas. A eterna procura de felicidade, que às vezes vemos tomar forma em certos lugares e pessoas. Quando lá chegamos, percebemos que não era nada daquilo, que estamos mais infelizes do que antes. É aí que chega a angústia, a amarra toda-poderosa que nos ata as mãos e os pés. É nesse frágil cordão que se tenta equilibrar o narrador; um sinuoso caminho que passa por Santiago do Cacém, Lisboa, Nova Iorque e Londres e, principalmente, por dentro de si próprio. Do outro lado do fio, está Camila, mais imaginária do que real. Mas o fim parece nunca chegar.
Quando lerem (porque, mais cedo ou mais tarde, vão ler), prestem atenção a cada personagem. Depois, respondam-me: quem vive, afinal, na corda-bamba?
2 comentários:
eu quero ler, eu quero! emprestas-me por uns dias?
Nem pensar! Vais comprar um, se faz favor.
Claro que empresto ;)
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