quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Um livro bom (parte II)

Este post estava prometido há muito tempo. Se não surgiu até agora, é porque me é muito difícil escrever sobre este livro. Escreveram-se textos longos e muito bem pensados sobre ele. Eu, na minha modesta condição de jovem leitora, não vou conseguir dizer dele nada que se aproveite. Mas promessas são promessas.

Um colega meu definiu os livros deste autor em três palavras: "o suspense contínuo". Tem razão.

No meio do Alentejo, inventou a Quinta do Tempo. Lá dentro, António Augusto Millhouse, um homem intrigante, que tem uma ocupação tudo menos normal. O narrador, um jovem angustiado que passa os dias a tentar descobrir o que a vida quer dele, deixa-se levar até este misterioso sítio. Depois, há a Camila e os seus dois irmãos: Gustavo, amante do álcool, e Nina, a mais pequena, ainda amante de coisa nenhuma. Camila é fascinada por funambulismo e sabe que quer passar a vida equilibrada numa corda.

Diz-se desta história que é sobre memórias, o passado que nunca nos deixa o presente tranquilo. Mas é também sobre buscas. A eterna procura de felicidade, que às vezes vemos tomar forma em certos lugares e pessoas. Quando lá chegamos, percebemos que não era nada daquilo, que estamos mais infelizes do que antes. É aí que chega a angústia, a amarra toda-poderosa que nos ata as mãos e os pés. É nesse frágil cordão que se tenta equilibrar o narrador; um sinuoso caminho que passa por Santiago do Cacém, Lisboa, Nova Iorque e Londres e, principalmente, por dentro de si próprio. Do outro lado do fio, está Camila, mais imaginária do que real. Mas o fim parece nunca chegar.

Quando lerem (porque, mais cedo ou mais tarde, vão ler), prestem atenção a cada personagem. Depois, respondam-me: quem vive, afinal, na corda-bamba?

2 comentários:

primes disse...

eu quero ler, eu quero! emprestas-me por uns dias?

Marta disse...

Nem pensar! Vais comprar um, se faz favor.
Claro que empresto ;)