(por entre baforadas de charuto do psicanalista e com o consultório banhado com uma luz fraca, amarela, vinda do pequeno candeeiro, eternamente de pé na secretária empoeirada)
"Ontem levei a minha filha para Lisboa, uma situação habitual no início das semanas. Almoçámos em Leiria ainda e arrancámos logo depois. A viagem foi um suplício: o sol brilhava demais e a luz entrava em força pelo vidro da frente; os olhos teimavam em querer fechar-se e no rádio nada que fizesse despertar este estado de sonolência pós-almoço.
Chegámos! Incrivelmente, havia um lugar de estacionamento mesmo em frente à porta do prédio. Acho que isto nunca tinha acontecido. Como a miúda estava muito carregada, estacionei o carro e ajudei-a com as tralhas. E também aproveitei para esticar as pernas e ir à casa-de-banho. Ela subiu as escadas à minha frente, com a chave de casa na mão. Abriu a porta, mas do lado de dentro não veio a luz que seria de esperar. As almofadas do sofá estavam no chão e a sala muito desarrumada. Não era um cartão de visita muito agradável, mas não estranhei. A minha outra filha anda cheia de trabalho, coitada. Farta-se de trabalhar todos os dias até muito tarde lá na Gulbenkian. Enfim...entrei e, quando pousei as coisas que trazia na mão, olhei em redor e vi uma camisola de homem nas costas de uma cadeira, uns sapatos de homem à porta da sala, mais umas coisas que não podiam pertencer a nenhuma das minhas filhas... a porta do quarto da minha filha estava fechada e a Rita começou a ficar nervosa e tentou mostrar-se ocupada no quarto dela. Ela nem precisava de dizer nada... Senhor doutor, eram quatro da tarde e a minha filha estava ali ao lado, fechada no quarto a fazer sexo com alguém, em vez de estar a trabalhar.
Um pai não merecia passar por uma situação destas!"
"Ontem levei a minha filha para Lisboa, uma situação habitual no início das semanas. Almoçámos em Leiria ainda e arrancámos logo depois. A viagem foi um suplício: o sol brilhava demais e a luz entrava em força pelo vidro da frente; os olhos teimavam em querer fechar-se e no rádio nada que fizesse despertar este estado de sonolência pós-almoço.
Chegámos! Incrivelmente, havia um lugar de estacionamento mesmo em frente à porta do prédio. Acho que isto nunca tinha acontecido. Como a miúda estava muito carregada, estacionei o carro e ajudei-a com as tralhas. E também aproveitei para esticar as pernas e ir à casa-de-banho. Ela subiu as escadas à minha frente, com a chave de casa na mão. Abriu a porta, mas do lado de dentro não veio a luz que seria de esperar. As almofadas do sofá estavam no chão e a sala muito desarrumada. Não era um cartão de visita muito agradável, mas não estranhei. A minha outra filha anda cheia de trabalho, coitada. Farta-se de trabalhar todos os dias até muito tarde lá na Gulbenkian. Enfim...entrei e, quando pousei as coisas que trazia na mão, olhei em redor e vi uma camisola de homem nas costas de uma cadeira, uns sapatos de homem à porta da sala, mais umas coisas que não podiam pertencer a nenhuma das minhas filhas... a porta do quarto da minha filha estava fechada e a Rita começou a ficar nervosa e tentou mostrar-se ocupada no quarto dela. Ela nem precisava de dizer nada... Senhor doutor, eram quatro da tarde e a minha filha estava ali ao lado, fechada no quarto a fazer sexo com alguém, em vez de estar a trabalhar.
Um pai não merecia passar por uma situação destas!"
5 comentários:
O meu pai deitado no divã: "Senhor doutor, estou preocupado. A minha filha tem 24 anos, é linda, tem um corpo que nem sei como é que fiz aquilo e não está no quarto a fazer sexo com ninguém!"
Realmente, às quatro da tarde... Ao que isto chegou! Nunca antes das cinco no quarto, ensinaram-me: matinées, só na sala (ou na cozinha). É o fim da civilização... Snaked.
Pai sofre! Filha não... :)
Lido
Catá. Sua literal.
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