Werner Schroeter é um realizador alemão que veio a Portugal com o prognóstico de 48 horas de vida, mas já está vivinho da silva há bem mais de 72. Não sei se pela proximidade da morte, ou se por mau feitio de nascença, Werner Schroeter é das pessoas mais insuportáveis com quem podemos ter o azar de nos cruzar. É uma diva (no pior dos sentidos, claro), cheio de si próprio e sem a mínima tolerância pelos outros.
Eis a análise que o sr. alemão, nos momentos finais da sua vida, cheia de obras e de sentido, fez do povo português: "Vocês, os portugueses, perdem demasiado tempo a fazer amigos e a fazer amor... perdem demasiado tempo a ter sexo. Deviam aproveitar o vosso tempo no cinema, ou a ler livros."
Assim se explica a amargura de algumas pessoas que povoam o nosso mundo.
3 comentários:
Sim, percebe-se perfeitamente a amargura. Se a felicidade chegasse só com livros e cinema, a vida era bem mais fácil. E bem mais curta, que andaríamos por aí todos a cortar os pulsos antes dos 30.
Que portugueses conhecerá o Werner, cujas vidas parecem tão bem preenchidas (de amigos e de sexo), e tão saudavelmente abstinentes desse veneno, a cultura? O homem é uma bicha velha, claro. O rei Salomão também passou do "Cântico dos Cânticos" - sobre os milagres do amor sensual - para o Eclesiastes ("tudo é vaidade"), quando a idade lhe tornou o harém inútil. Mas no tempo dele não havia Viagra. A cobra sugere que algém dê ao Werner um comprimido azul...
Não me parece que o problema se resolva com o comprimido mágico. O difícil deve ser encontrar quem queira usufruir dele com o senhor...
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